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Crimes contra policiais revelam riscos da profissão em Minas Gerais

Quatro policiais militares ficaram feridos em ocorrências em Minas recentes. Três deles foram baleados e um atacado a golpes de foice. As ocorrências reacendem o alerta para os riscos de uma profissão que sempre esteve na mira dos bandidos, em meio ao fogo cruzado.

Na guerra do bem contra o mal, muitos agentes de segurança pública, em serviço ou de folga, acabam perdendo a vida tentando proteger a população. Outros acabam matando. Nas últimas semanas, houve vítimas de ambas as partes. Levantamento feito pelo jornal Estado de Minas mostra que somente nos meses de setembro e outubro deste ano ao menos seis agentes de segurança, entre policiais civis e militares, foram mortos e quatro ficaram feridos.

Tiros

Em Dom Cavati o sargento da Polícia Militar Aroldo Andrade foi baleado na manhã de terça-feira (11/10) durante um assalto a uma agência dos correios no centro da cidade. Segundo a PM, cinco criminosos chegaram armados ao estabelecimento e renderam os funcionários e o vigia do local.

Durante o assalto, um dos criminosos, que estava do lado de fora da agência, atirou no sargento que estava chegando para atender a ocorrência. O militar foi atingindo por um tiro de raspão na cabeça, e outros dois acertaram o colete à prova de balas. Ele foi encaminhado para o hospital de Ipatinga, e seu estado de saúde é estável. Segundo a Policia Militar, o grupo chegou em uma caminhonete Strada roubada. Suspeitos do crime já foram identificados e foram presos em Simonésia, Inhapim e em Lajinha.

Em São João Del-Rei, no Campo das Vertentes, a população viveu momentos de terror na noite de sábado. Quatro bandidos armados entraram em um supermercado com o objetivo de roubar o estabelecimento e fizeram oito pessoas reféns durante a ação. No momento em que a Polícia Militar chegou no local, houve troca de tiros e dois policiais foram baleados, além de um dos criminosos. Os quatro foram presos depois de intensa negociação para liberar os reféns.

Foice

No domingo, 16/10, um policial militar teve ferimentos graves em um dos braços depois de levar um golpe de foice antes de pegar serviço. O caso ocorreu em Rio Espera. O suspeito do crime, que já é conhecido por outros delitos, fugiu e ainda não foi encontrado. De acordo com a PM, o fato ocorreu por volta das 6h40. O soldado Santos foi até uma padaria próxima ao quartel, no Centro da cidade, para tomar café da manhã antes de entrar para o trabalho. Quando esteva no local, o suspeito se aproximou e o questionou sobre uma abordagem em dias anteriores. “Você me abordou outro dia e eu não gostei”, teria dito o homem, segundo versão de testemunhas.

Logo em seguida, deu um golpe de foice no policial. O soldado tentou se proteger e acabou atingido no braço. Ele sofreu um corte profundo no membro e foi socorrido para um hospital em Conselheiro Lafaiete, na mesma região. Por causa das gravidades do ferimento, foi transferido de helicóptero para o Hospital João XXIII, em Belo horizonte, onde deve passar por cirurgia. O suspeito do crime fugiu e ainda é procurado. De acordo com a PM, o homem é portador de sofrimento mental e conhecido por diversos crimes na região.

Resposta com tiros

Na noite de sábado, durante operação policial em Pitangui, Região Centro-Oeste do estado, militares foram recebidos a tiros por criminosos envolvidos com homicídios e assaltos. Os PMs revidaram e também atiraram contra os bandidos, iniciando uma perseguição. Por sorte, ninguém se feriu. Cinco bandidos foram presos e armas, drogas e duas motocicletas apreendidas.

Também no sábado, policiais civis do Departamento de Operações Especiais (Deoesp) evitaram um roubo a uma agência do Banco Santander na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Com tantos ataques, policiais militares e civis de Minas vivem em constante alerta nos últimos anos. Em outubro de 2011, novembro de 2012 e em agosto deste ano, a Polícia Civil divulgou comunicados de possíveis ataques de uma facção criminosa paulista contra agentes das forças de segurança em Minas.

Treinamento

A Polícia Militar informou que tem investido no treinamento de sua tropa. Segundo a corporação, este ano quatro militares da ativa que se envolveram em confronto e morreram, no ano passado foram dois e, em 2014, seis PMs.

O Comandante da 195ª Companhia de Ensino e Treinamento com sede no 11º Batalhão, Tenente Luis Reis explica que o treinamento dos membros da corporação é constante. “A pessoa quando ingressa na Polícia Militar já sabe que vai enfrentar situações de risco e muito stress, por isso, durante o curso de segurança pública, ele recebe orientações de como agir tanto em abordagens simples como nas mais complexas, focando sempre na preservação da integridade do cidadão”, disse.

Ainda segundo o militar existem situações em que até mesmo o policial mais preparado pode se lesionar durante uma ocorrência. “Sempre primamos pela segurança da comunidade e sabemos que escolhemos uma profissão de risco, mesmo estando preparado o policial pode ser surpreendido por uma ação desesperada da pessoa ou do grupo abordado e acabar se ferindo”, completa.

A 195ª Companhia de ensino e Treinamento além de ministrar o curso de soldado ainda recebe militares de toda a região com treinamentos táticos de abordagem em ocorrências complexas e também ministra o curso de formação de sargentos da Polícia Militar de Minas Gerais.

A Polícia Civil informou, por meio de nota, que lamenta as mortes de policiais e que orienta seus profissionais durante treinamentos e nas tarefas do dia a dia a sempre zelar pela vida.

“Porém, a própria natureza da atividade é de risco e a função policial nem sempre se esgota no horário de serviço. A PCMG procura, ainda, dar o apoio necessário aos familiares dos policiais. Como forma de resposta e acesso à Justiça, nas investigações e inquéritos em que policiais são vitimizados, a PCMG não poupa esforços para que os suspeitos sejam devidamente punidos”, diz a nota enviada.

Jailton Pereira com informações do jornal Estado de Minas

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