Inclusão de alunos deficientes na escola regular supera os desafios em Manhumirim

A inclusão de estudantes com deficiência no sistema regular de ensino está baseada na perspectiva de educação para todos, pois, ao serem feitas adaptações pedagógicas para um aluno que tenha algum tipo de deficiência, leva-se em conta distintas formas de aprender e de ensinar. Pensando em como realizar da melhor maneira as práticas inclusivas para essas pessoas, de forma a desenvolver suas potencialidades, busca-se também a qualidade do ensino para todos os estudantes, independentemente de terem ou não deficiência.
Segundo o Censo Escolar, entre 2005 e 2011, as matrículas de crianças e jovens com algum tipo de necessidade especial (intelectual, visual, motora e auditiva) em escolas regulares cresceu 112% e chegou a 558 mil. O Censo Escolar não diz quantas destas matrículas são de alunos com síndrome de Down, outra deficiência intelectual ou autismo. O Censo do IBGE, porém, aponta que, em 2010, 37% das crianças com deficiência intelectual na idade escolar obrigatória por lei (5 a 14 anos) estavam foram da escola, número muito superior à média nacional, de 4,2%.
Outro indicador do aumento da inclusão: as matriculas das crianças com deficiência em escolas especializadas e as classes exclusivas nas escolas comuns caiu 48% de 2005 para 2011, quando foram registradas 193 mil matrículas.
Apesar de a inclusão de crianças e jovens com algum tipo de deficiência nas escolas regulares ter aumentado nos últimos anos, são grandes os desafios de preparar os professores para mantê-las na sala de aula com os demais colegas, e de receber as crianças que ainda estão excluídas.
O modelo de só transmitir o conhecimento do currículo básico já não é mais suficiente. Com base neste propósito duas escolas municipais de Manhumirim se destacam pelo investimento na educação inclusiva, mas muito ainda há de se fazer. O primeiro passo e uma das maiores dificuldades enfrentadas atualmente é a acessibilidade, pois, a escola tem que se adaptar ao aluno deficiente e não o aluno se adaptar à escola. O uso de estratégias de ensino adequadas a diferentes tipos de necessidades específicas de aprendizagem só vem a contribuir para o desenvolvimento de todos os estudantes envolvidos no processo, ou seja, indivíduos com diferentes deficiências ou necessidades educacionais específicas, de diferentes origens socioeconômicas e contextos culturais distintos, com habilidades igualmente distintas entre si, poderão beneficiar-se de estratégias didático-metodológicas heterogêneas.
Para a Professora Onicemar Xavier de Lemos, coordenadora da Sala AEE, conhecida como sala de recursos, da Escola Municipal Dra. Conceição, a inclusão destes alunos no ensino regular é muito importante. “A partir do momento em que os alunos do ensino regular passam a conviver com alunos deficientes, o ganho no desenvolvimento é mútuo, ainda mais para os alunos deficientes e a primeira barreira a ser quebrada é o preconceito e o isolamento”, conta a professora.
Com o apoio da prefeitura Municipal a escola recebeu adaptações para atender estes alunos, foram instaladas rampas de acesso com faixas antiderrapantes e corrimão. Parcerias com institutos e fundações possibilitaram a aquisição de material em braile, máquina de escrever e uma impressora em braile para atender aos alunos cegos. “A interatividade entre os alunos do ensino regular com os alunos deficientes é fantástica e a convivência entre eles é tão boa que às vezes até esquecemos que eles são deficientes”, ressalta a professora Nice.
Outra escola que também recebe alunos deficientes é a Escola Municipal Narciso Rabelo no bairro do Isodoro, também em Manhumirim, a professora Rita de Cássia Silva Sanglard é especialista em educação inclusiva e responsável pela de AEE, segundo ela a escola atende alunos deficientes com alta dificuldade de aprendizado. “O ganho para estes alunos é inestimável, pois, a convivência das crianças deficientes com os demais alunos representa um avanço para elas, além despertar o gosto pela escola ainda proporciona às crianças um ambiente de igualdade quebrando o preconceito e tabus” disse.
Outro ponto importante abordado por ela foi quanto à participação da família. “A família é a base de tudo, tem haver participação interesse, vontade de compartilhar com a criança o aprendizado, as novidades, superar juntos os desafios, quando a família participa junto, o resultado supera todas as expectativas”, finaliza.
Jailton Pereira – Jornal Tribuna do Leste