Religião: Ano Mariano

Dom Guilherme Antônio Werlang
Bispo de Ipameri (GO)
Peço licença aos meus irmãos e minhas irmãs de Igrejas Evangélicas e mesmo de quem professa fé não cristã para fazer uma pequena abordagem sobre a importância de Maria de Nazaré no mistério da salvação.
Todos os que professam a fé autêntica e verdadeira, pura e santa, em Jesus Cristo, como Filho de Deus, segunda pessoa da Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, reconhecem em Jesus o nosso ÚNICO SALVADOR. Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai, senão por meio de mim”, disse Jesus (João 14,6). “Eu e o Pai somos um” (João 10,30).
Está errado, mal informado, ou está de má vontade, quem afirma que nós católicos “adoramos” Maria ou a vemos também como Salvadora. NÃO! Nós sempre acreditamos e reconhecemos que Maria é uma mulher, portanto, humana como nós. Todos os verdadeiros católicos reconhecemos que temos um único Salvador e este é Jesus, o filho nascido de Maria, e é o Filho de Deus. Por isso, se Jesus é a segunda pessoa da Santíssima Trindade, nos foi enviado como Salvador por Deus Pai e concebido no ventre materno de Maria, pelo Espírito Santo de Deus, então, Maria recebe de nós o reconhecimento de “Mãe de Deus”, na pessoa de Jesus, o Salvador e Deus Filho.
Não é justo chamar Jesus de Filho de Deus quando assim nos convém e depois não querer que sua mãe, Maria, seja sua Mãe em plenitude, isto é, na totalidade de quem Jesus é, em suas duas naturezas, a humana e a divina. Foram as duas naturezas que nasceram juntas e inseparáveis naquela criança que veio à luz no parto virginal de Maria.
Podemos e temos que reconhecer e chamar Jesus de “Salvador” e Maria, “A PORTA DA SALVAÇÃO”.
Veja bem que nós cristãos católicos NUNCA, em nenhum documento oficialmente reconhecido pela Igreja, foi chamada de Salvadora. Ela não é a salvação, mas por ela o Salvador, a Palavra viva de Deus Pai, por obra do Espírito Santo, se encarnou, se fez gente e veio morar entre nós. Isto aconteceu por absoluta escolha de Deus, por absoluta iniciativa de Deus. Deus não consultou nenhum ser humano para tomar esta decisão, A NÃO SER MARIA. Sim! Deus, por meio do Anjo Gabriel, fez uma “consulta” à sua filha predileta, entre todas as mulheres já nascidas desde Eva e, de Maria recebeu o consentimento, recebeu o Sim, recebeu o “faça-se em mim, segundo a tua vontade” (Lucas 1,38).
Desde aquele momento Maria soube que ela não teria nenhum mérito porque a iniciativa era de Deus, a concepção aconteceria pela Força do Altíssimo e de Seu Espírito Santo que a cobriria com a sua sombra (Lucas, 1,35), mas em tudo ela seria a “colaboradora”, a “serva” de Deus, ou seja, Ela seria “A Porta da Salvação”, a porta que possibilitaria a entrada do Salvador no mundo.
Desde aquele instante, até o último respiro, até a última batida do coração do Salvador – Jesus -, Maria em nenhum momento se afastou do Filho Salvador. Participou de cada momento da obra do Filho, muitas vezes sem entender, mas acolhendo e meditando tudo no silêncio de seu coração materno.
Maria foi tão fiel colaboradora e serva do Salvador, que o próprio filho, mas também Filho de Deus, em seu último momento olha do alto da cruz salvadora e entrega “Sua Mãe”, como nossa Mãe: “filho, eis a tua Mãe”, portanto, Mãe da humanidade, na pessoa do discípulo amado, João. “E desde aquela hora, o discípulo a levou para sua casa”, a Igreja. (João 19,26 – 27).
Vejam meus irmãos e minhas irmãs que não foi São Pedro ou outro papa ou mesmo a Igreja dos Apóstolos que deu o título de “Mãe” nossa, a Maria, mas foi Jesus, o Filho de Maria e Filho de Deus.
Maria esteve depois imediatamente com os Apóstolos em todos os lugares onde João andava porque recebera do Salvador, na cruz, a missão de jamais largar Sua e nossa Mãe. Temos o testemunho registrado em Atos dos Apóstolos 1,14 que logo depois da Ascensão, quando os discípulos voltaram para o Cenáculo, onde ficariam esperando o Espírito Santo prometido por Jesus, ENTRE ELES ESTAVA MARIA, A MÃE DE JESUS.
Neste Ano dedicado para homenagem a Maria pelos 300 anos da retirada da imagem de Nossa Senhora da Conceição das águas do Rio Paraíba, e assim chamada Nossa Senhora Aparecida, quero deixar claro que podemos chamá-la, sem fazer nenhum pecado de idolatria, de “PORTA DA SALVAÇÃO” porque “Porta escolhida por Deus para a “entrada” do Salvador Jesus Cristo no mundo.
Maria, Porta da Salvação e Mãe de Jesus, o Filho de Deus e nosso único Salvador, Rogai por todos os teus filhos e filhas, quer te aceitem ou não, como Mãe.
Fonte: CNBB