Campanha da Fraternidade 2017: Biomas brasileiros e defesa da vida
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) publicou o texto-base da Campanha da Fraternidade (CF) de 2017. Com o tema “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida” e o lema “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2.15), a iniciativa alerta para o cuidado da criação, de modo especial dos biomas brasileiros. Ampliando e motivando uma tomada de conscientização sobre as ações direcionadas ao meio ambiente, a CNBB traz a reflexão sobre os biomas brasileiros (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal) na Campanha da Fraternidade desse ano. Para contribuir na formação das pessoas e incentivar ações que favoreçam o meio ambiente e as gerações futuras, a CNBB preparou uma série de atividades como via-sacra, círculo bíblico, temas para reflexões em família e celebração penitencial.
A Campanha da Fraternidade sempre começa na quarta-feira de cinzas e acontece durante o ano todo. Muitas pessoas acham que ela termina depois da Páscoa, mas não, ela dura até o fim do ano, junto com o Ano Litúrgico, onde são desenvolvidas diversas atividades pastorais. Além de abordar a realidade dos biomas brasileiros e as pessoas que neles moram, a Campanha desse ano deseja despertar as famílias, comunidades e pessoas de boa vontade para o cuidado e o cultivo da Casa Comum.
Introdução aos biomas
Biomas são conjuntos de ecossistemas com características semelhantes dispostos em uma mesma região e que historicamente foram influenciados pelos mesmos processos de formação. No Brasil temos 06 biomas: a Mata Atlântica, a Amazônia, o Cerrado, o Pantanal, a Caatinga e o Pampa. Nesses biomas vivem pessoas, povos, resultantes da imensa miscigenação brasileira.
Os biomas brasileiros sofrem interferências negativas desde a chegada dos primeiros colonizadores ao Brasil, logo após Pero Vaz de Caminha ter escrito para o rei de Portugal afirmando que as “águas são muitas, infinitas. Em tal maneira graciosa (a terra) que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem”.
Os colonizadores começaram a extração do pau-brasil usando, no início, a mão de obra escrava de indígenas e mais tarde dos africanos. Hoje, após mais de 500 anos pode-se dizer que, pouco restou da beleza citada na carta de Pero Vaz.
E a igreja Católica há algum tempo, tem sido voz profética a respeito da questão ecológica. Neste início do terceiro milênio, ter uma população de mais de 200 milhões de brasileiros, sendo mais de 160 milhões vivendo em cidades gera sérias preocupações. O impacto dessa concentração populacional sobre o meio ambiente produz problemas que põem em risco as riquezas dos biomas brasileiros.
Devido a isso, à luz da fé, será abordada reflexões na Campanha da Fraternidade de 2017 sobre o significado dos desafios apresentados pela situação atual dos biomas e dos povos que neles vivem. Além de abordagens acerca das principais iniciativas já existentes para a manutenção de nossa riqueza natural básica. Será apontada propostas sobre o que o cidadão pode e deve fazer em respeito à criação que Deus nos deu para cultivá-la e guardá-la.
Paróquias do Bom Pastor e São Lourenço
Para ajudar nas reflexões sobre a temática são propostos subsídios, sendo o texto-base o principal. Dividido em quatro capítulos, a partir do método ver, julgar e agir, o texto-base faz uma abordagem dos biomas existentes, suas características e contribuições eclesiais. A partir do texto-base todas as comunidades, paróquias e dioceses do Brasil organizam formações e ações para o período de realização da CF 2017.
E no último final de semana de janeiro, as Paróquias do Bom Pastor e São Lourenço realizaram um curso de formação, para cerca de 150 pessoas, abordando as diretrizes levantadas pela Campanha deste ano. O encontro foi realizado no Salão Paroquial da Matriz de São Lourenço e foi ministrado pelo Irmão Denilson Mariano, SDN.
A tarefa do grupo consiste em disseminar as informações da Campanha da Fraternidade as comunidades de Manhuaçu. Para isso, eles receberam as instruções de Denilson Mariano, mas devem se inteirar e aprofundar mais no assunto para depois, em um grupo de duas a três pessoas, levar as diretrizes pertencentes a Campanha deste ano. “Mas além dessa atitude de conscientização e despertar, esse grupo tem a missão de fazer com que, no dia a dia, pequenas ações de preservação possam ser tomadas pela população, ou seja, cada um cuidando do ambiente em que vive”, esclarece Irmão Denilson Mariano, SDN.
Ele destaca que a Campanha da Fraternidade busca ajudar toda a comunidade, não só a Católica, mas os cristãos de modo geral, e todas as pessoas de boa vontade, a voltar a sua atenção sobre a riqueza de nosso país, não só a material, mas a natural, animal e vegetal. Além disso, existe a contextualização de cada Bioma, com seus desafios e dificuldades enfrentados em sua grande parte pela influência negativa do ser humano. “A própria Campanha da Fraternidade em seu texto-base insere dicas que poderiam ser colocadas como educação para o bem viver, e traz dicas para o Bioma da Mata Atlântica. E a população também deve estar atenta as iniciativas relacionadas ao saneamento básico do seu município. Por exemplo, Manhuaçu tem uma usina de tratamento de esgoto que está parada e a população deveria se inteirar mais a respeito dessa situação”. São questões que envolvem a atenção dos munícipes e não devem ser deixadas de lado, pois são situações de estrema importância para o ecossistema do município”, enfatiza.
Vale destacar que essa é a sétima Campanha da Fraternidade que a Igreja vem tratando sobre as questões ambientais. Desde 1979 com o lema “Preserve o que é de todos”, ela já vem demonstrando essa preocupação. Ano passado, a entidade também destacou temáticas voltadas ao Saneamento Básico e as consequências acarretadas a natureza, conforme explica Irmão Denilson Mariano. “E quando a Igreja aborda o lema “Cultivar e guardar a criação”, é porque, de modo geral, ela tem a visão de como a sociedade vem ocupando a terra de uma maneira não sustentável”, concliu.
Danilo Alves / Leonardo Medeiros – Tribuna do Leste
Abaixo, a entrevista completa com o Irmão Denilson Mariano:
Fotos: Paróquia Bom Pastor