Dia Mundial da Água: manancial Manhuaçuzinho é riqueza esquecida
Para despertar a sociedade sobre a importância da água e da preservação ao meio ambiente, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) escolheu como tema da Campanha da Fraternidade 2017 “Biomas Brasileiros e Defesa da Vida”, para que toda a sociedade possa despertar para as questões ambientais, enfatizar a diversidade de cada bioma e promover relações com a vida.
Seja para comemorar avanços e ideias inovadoras ou para denunciar o descaso e a degradação, o que importa é que a sociedade vem se mobilizando em torno das discussões sobre o meio ambiente. O recurso natural existente é tema central por todos os lados, uma vez que a escassez preocupa moradores, que às vezes, por descuido promovem o desperdício e sequer atentam que a água é um recurso essencial para a sobrevivência. Muitos acham que a nossa região é rica em água e gastar demasiadamente é algo normal. Esquecem que a fonte em Manhuaçuzinho, que garante o abastecimento a milhares de famílias, está bastante assoreada e desprovida.
A reportagem Tribuna do Leste visitou a localidade, onde estão as minas que formam o Manancial de Manhuaçuzinho, considerado por muitos um “santuário e berço da água”, que mantém esse recurso riquíssimo disponível. Em alguns pontos há a necessidade de um cuidado especial, como a limpeza permanente e uma vigilância a evitar que ao redor sofra com degradação e invasão de animais, que venha comprometer aquele solo com tamanho recurso hídrico presente da natureza.
Em conversa com um dos diretores da ONG Pró-Rio Manhuaçu, Alisson Sad, sobre a situação de recursos hídricos, preservação ambiental e o Dia Mundial da Água, foi taxativo ao dizer que é preciso fazer muita coisa, para que tenhamos água em abundância no futuro. Conhecedor do local onde está o manancial que abastece a cidade, Alisson Sad explica que a ONG sempre está com o olhar voltado para ações que visam preservar aquela área e ressalta que o replantio de mudas é uma solução eficaz, para a manutenção e a preservação da água. Alisson Sad lembra que a ONG está preocupada com o reflorestamento onde há nascentes, pois, é uma estratégia que propicia a recuperação natural da mata. “Em Manhuaçuzinho precisa acontecer esse tipo de ação. Preservar é um trabalho que a ONG desenvolve, realizando plantio de árvores como fizemos numa área da FUMAPH, que sofria com erosão e estava degradada. O reflorestamento ajuda a preservar a água”, ressalta o diretor da ONG Pró-Rio Manhuaçu.
Ao ser indagado sobre o comportamento das pessoas com relação à preservação da água, Alisson Sad destaca que de pouco a pouco estão se conscientizando. Para ele, o manancial Manhuaçuzinho está um pouco esquecido. “O manancial está assoreado e precisando de limpeza, para que a água continue aumentando. É preciso fazer um investimento pesado e urgente na Bacia do Manhuaçuzinho, uma vez que logo abaixo uma antiga cachoeira literalmente deixou de existir”, lamenta o diretor da ONG.
SAAE busca parceria para revitalizar a nascente
Há dois meses frente à autarquia, o diretor Luiz Carlos de Carvalho inicia um trabalho de parceria para a preservação da área onde está o manancial Manhuaçuzinho. Acompanhado do representante da Bacia Hidrográfica Manhuaçu, Áureo Adriano da Silva e Maria Aparecida Souza, o diretor explicou que sabe da necessidade de um trabalho de conscientização. Está buscando parceria com a EMATER-MG, Secretaria Municipal de Agricultura, Comitê da Bacia Hidrográfica e Instituto Terra, a fim de realizar o reflorestamento do manancial, além de caixas retenção de água para aumentar o volume de água no sistema de captação.
Também está sendo feitas as fossas sépticas e recuperação das nascentes, através do projeto “Olhos D’água” pelo Instituto Terra. “Para isso, contamos com a participação da Isaura da Paixão, que trabalha com os pequenos produtores a conscientização, para uma nova mentalidade acerca do nosso manancial e o comprometimento na parceria estabelecida. De acordo com Luiz Carlos de Carvalho, está sendo estudada também a possibilidade de assorear o manancial e investir na construção de um elevado na estrutura, para a retenção da água.
Segundo o biólogo Cássio Cordeiro, o Instituto Terra está realizando um diagnóstico na região e mais de mil nascentes já foram catalogadas. Em Manhuaçuzinho, o trabalho está sendo realizado para recuperação de nascentes. O reflorestamento da bacia também será feito, com a participação dos proprietários, e será um processo a médio e longo prazo. “Em Manhuaçuzinho, dois produtores estão no projeto. O próximo passo será o isolamento do local protegido e desprotegido. O maior obstáculo para o avanço do projeto é a resistência de alguns proprietários”, diz o biólogo.
Eduardo Satil – Tribuna do Leste