Dia Mundial de Combate ao Câncer: data busca conscientizar população a respeito dos perigos da doença
No sábado, 08/04, foi celebrado o Dia Mundial de Combate ao Câncer. A data serve para conscientizar a população mundial sobre os cuidados de prevenção de uma das doenças que mais mata pessoas em todo o mundo, além de informar as pessoas sobre a importância de consultar sempre médicos e estar atento à saúde, para evitar o crescimento da doença. As causas para o surgimento do câncer podem ser as mais variadas possíveis, desde motivos externos – como o ambiente, costume ou hábitos que o indivíduo possui – até fatores internos, como características geneticamente predeterminadas.
A Organização Mundial da Saúde, OMS, informa que o câncer mata 8,8 milhões de pessoas todos os anos, em sua maioria nos países de média e baixa rendas. O resultado atual mostra um aumento em relação a 2012 quando foram registrados 8,2 milhões de óbitos. Atualmente, um dos maiores desafios é que vários casos de câncer são detectados muito tarde, mesmo em países com ótimos sistemas de saúde. Nesta fase, eles são bem mais difíceis de serem tratados com sucesso. O câncer é responsável por quase um em cada seis óbitos no mundo. Mais de 14 milhões de pessoas desenvolvem a doença anualmente e a OMS calcula que esse número deve passar de 21 milhões até 2030.
Em virtude disto, é importante o esclarecimento sobre mitos e tabus para amenizar o cenário de pessimismo que ronda a doença, já que o câncer, independentemente do tipo, interfere, e muito, na qualidade física, emocional e social do paciente. Ao diminuir dúvidas, a pessoa pode enfrentar a doença de forma mais consciente e ao mesmo tempo obter melhores resultados no tratamento, mostrando que é possível vencer a doença.
Segundo a médica oncologista da Fundação Cristiano Varella, de Muriaé, Dra. Micheline Campos Resende, pesquisas indicam que inúmeras são as maneiras de prevenir o câncer, seja com uma boa alimentação, com a prática de exercícios físicos ou evitando o tabagismo e uso indiscriminado de bebida alcoólica, e o Dia Mundial de Combate ao Câncer, é uma boa oportunidade para rever estes hábitos. “Quando se fala de câncer, temos que entender sobre situações que vão ajudar efetivamente e indiretamente. Em se tratando especificamente de câncer, a gente não pode deixar de falar a respeito do tabagismo e etilismo. Eu costumo falar com meus pacientes trata-se de uma mistura de pólvora com fogo, tendo em vista o problema que provoca. Por exemplo, o tabagismo causa uma mutação genética nas células, e a influência do cigarro na manifestação e, às vezes, no início do câncer, é extremamente perigoso. Então, parar de fumar e de beber caracterizam duas situações importantes. A respeito da história em que algumas bebidas são benéficas para o organismo, existem estudos – inclusive dentro da oncologia, que confirma essa tese, a exemplo do vinho tinto seco, mas todas devem ser consumidas em quantidades pequenas. Em contrapartida, estamos inseridos em uma região com populações que fazem uso de aguardentes em quantidades absurdas. E a carga tabágica de nossa população também é muito alta. Além da exposição a insumos agrícolas que afetam, agridem e que possuem o mesmo potencial de causar problemas como o cigarro.
A médica oncologista destaca outros hábitos que podem ajudam a evitar o câncer, como a rejeição ao sedentarismo (os exercícios, especialmente aeróbicos, devem ser praticados com regularidade), combate a obesidade (que além do câncer também está relacionada a doenças cardiovasculares), evitar a exposição solar sem proteção, adotar uma dieta saudável – com o mínimo de frituras, carnes gordurosas, alimentos embutidos e enlatados, e a maior quantidade possível de fibras, frutas e verduras.
Tipo mais comum de tumores
O câncer de pele é, disparado, o campeão de incidência nos dois sexos. Ele corresponde a 25% de todos os tumores malignos registrados no país. Porém, apresenta altos percentuais de cura, se for detectado precocemente. Entretanto, a incidência dos tipos de câncer se distinguem quando ocorre a separação entre homens e mulheres, segundo a médica oncologista da Fundação Cristiano Varella. “Em homens, os tipos de câncer mais frequentes são: próstata, pulmão, colorretal (abrange os tumores que acometem um segmento do intestino grosso (o cólon) e o reto), e o de estomago. Nas mulheres, as maiores incidências, após o câncer de pele, são: mama, colorretal, colo do útero e pulmão – que tem aumentado entre o sexo feminino”.
Sintomas despercebidos
Em entrevista exclusiva ao jornal Tribuna do Leste, a Dra. Aline Lauda, médica oncologista integrante da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, alerta que vários sintomas que podem indicar a presença de um tumor não são observados pelo paciente, que acaba demorando a procurar um serviço médico. Por exemplo, dores persistentes após uma ou duas semanas, tosse e rouquidão ininterruptas, perda de peso acentuada e sangue nas fezes.“São dois atrasos: um atraso na procura [do paciente por um médico] e um atraso na obtenção daquilo que se procura”, disse.
Fatores de risco e prevenção
Dra. Aline Lauda enfatiza que o cigarro é o principal fator de risco para o câncer. “É, individualmente, o principal agente causador de morte no mundo, tanto das doenças cardiovasculares, como está associado ao câncer de pulmão, de laringe, boca, esôfago, estômago. Também os alimentos constituem um fator de risco. “Carnes vermelhas estão muito associadas ao risco de câncer de intestino”. Já carnes salgadas ou defumadas e os embutidos têm substâncias que aumentam o risco de câncer de estômago.Segundo a médica oncologista, apenas 15% dos cânceres têm um fator genético significativo, como o câncer de mama. Dra. Aline Lauda destacou também que alguns tipos de câncer, como o ósseo, são mais comuns em adolescentes do que em pessoas idosas por estar relacionado ao processo de crescimento. “Não impede que um adulto possa ter câncer ósseo”, disse.
De acordo com Dra. Aline Lauda, mulheres na menopausa têm um risco maior de câncer de mama, que tende a diminuir a partir dos 70. Já o câncer de estômago tem incidência maior acima dos 50 anos. A médica lembrou que também as crianças têm cânceres, em geral hematológicos, como leucemia.
A respeito da prevenção, pelo menos um terço dos cânceres mais comuns pode ser prevenido através da redução de consumo de álcool, dietas mais saudáveis e aumento da atividade física. “Há dois tipos de prevenção: primária e secundária. A primeira consiste na mudança dos hábitos pessoais de um indivíduo com o objetivo de reduzir a influência dos fatores ambientais causadores de uma determinada doença. A segunda, diferentemente, foca no seu diagnóstico precoce, partindo da premissa de que, quanto antes for feito o diagnóstico do câncer, maiores são as chances de cura do paciente. Isso também tem um impacto econômico, uma vez que os altos custos do tratamento podem ser evitados quando há um programa de prevenção eficiente e de baixo custo”, explica a médica oncologista Dra. Aline Lauda.
Danilo Alves – Tribuna do Leste