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Inverno: estação exige cuidados com a saúde

Os dias frios sempre despertam preocupação em relação a doenças respiratórias, como gripes, resfriados e rinites alérgicas. Poucos sabem, no entanto, que as baixas temperaturas representam também risco de complicações cardiovasculares. Em temperaturas mais frias, abaixo de 14°C, acredita-se que tenhamos um aumento do número de infarto agudo do miocárdio (entre 13 a 30%). Isso se deve a uma resposta do organismo a manutenção de nossa temperatura corporal, com consequente liberação de hormônios (da família da adrenalina), levando a diminuição do calibre dos vasos de sangue.

Em pacientes que já tenham doença das artérias (aterosclerose), essa alteração pode levar a uma redução importante do fluxo de sangue nestes locais. Outro ponto está relacionado a mudanças comportamentais nessa época do ano, tais como: redução da prática de atividade física regular, redução da ingestão de líquidos e aumento da ingestão de alimentos gordurosos. E os aumentos de infecções, principalmente as respiratórias como gripe, resfriado e pneumonia, podem levar a uma inflamação dos vasos acarretando em uma ruptura de placa de colesterol e consequente coagulo, segundo o médico cardiologista Frank Nunes.

03 - CopiaDe acordo com o especialista a relação entre frio e doenças cardiovasculares tem na hipertensão arterial uma das principais causas. “Quando a pessoa sente frio, ocorre a liberação de uma substância, um tipo de catecolamina (importantes neurotransmissores), que contrai os vasos sanguíneos, em especial as artérias. Esse é um mecanismo que diminui a dissipação do calor, muito importante para se enfrentar o frio. Por outro lado, essa contração provoca a diminuição do calibre arterial, que aumenta a resistência contra a qual o coração necessita bombear para movimentar o sangue, além de dificultar a própria circulação nas diversas partes do organismo, já que o fluxo de sangue acontece num vaso com menor calibre. Essa situação provoca uma sobrecarga para o coração e um risco especial para o cérebro”.

A população de faixa etária mais avançada é a mais propensa a essas complicações, segundo Frank Nunes. “Esse aumento do número de casos de infarto agudo do miocárdio no inverno acontece, em particular, na população idosa (mais propensos a infecções respiratórias). Acredita-se que o idoso, por possuir uma reserva fisiológica mais restrita, tenha menos capacidade de enfrentar essas condições e responda com aumento exacerbado dos níveis de pressão arterial e transtornos mais frequentes de coagulação sanguínea, além de mais propensão às infecções típicas do frio, que podem ser fatores desencadeantes de eventos cardiovasculares”, afirma. Porém, outros tipos de pessoas podem apresentar problemas cardiovasculares no frio, entre elas portadores de doenças cardíacas, pessoas com obesidade, hipertensão arterial e diabetes.

Se a pessoa tem muitos fatores de risco para doenças cardiovasculares, a chegada do frio torna o cenário ainda mais perigoso. Por isso, o médico destaca três recomendações importantes: “É imprescindível realizar check-up cardiológico anualmente, praticar exercícios físicos com orientação de especialista e, ainda, consumir alimentos saudáveis, evitar gorduras e sal em excesso”. No inverno, ainda há outro componente que agrava o quadro de risco aumentado. O médico cardiologista ressalta que nessa época muitos deixam de praticar exercícios e passam a comer alimentos mais calóricos, pela sensação de bem-estar e aquecimento corporal que eles proporcionam. É preciso lutar contra o comodismo. “A atividade física aquece o corpo, melhora a disposição e existem muitos alimentos que também podem proporcionar esse bem-estar sem excesso de calorias”. Alguns exemplos que cumprem essa função: queijo branco, pão integral, peito de peru, ovo cozido e frutas como banana e damasco.

Fatores de risco

Livrar-se dos fatores de risco é fundamental em qualquer clima. Entre os mais frequentes, Dr. Frank Nunes destaca tabagismo, hipertensão, sedentarismo, obesidade e estresse. Infartos são mais frequentes em homens, especialmente a partir dos 45 anos, embora sejam mais fulminantes em mulheres. Dor no peito é um dos principais sintomas, com a sensação podendo irradiar para o braço esquerdo. Sintomas mais genéricos, como tontura, náuseas e suor intenso podem aparecer, mas há até casos em que o episódio ocorre de forma silenciosa. “A crendice popular que não se deve ir ao médico para não se descobrir doença deve ser desencorajada. Ir regularmente a um médico com o objetivo de descobrir e tratar doenças como diabetes e a hipertensão arterial é claramente benéfico, e reduz não só o infarto como o derrame e outras doenças graves, como a dos rins – que podem levar a necessidade de diálise. O diagnóstico e tratamento do infarto devem acontecer de forma rápida e dentro de uma Unidade de Saúde. O paciente sempre deve avisar ao atendente ou a pessoa responsável pela triagem da fila da emergência que está sentindo dor no peito ou falta de ar e solicitar que seja realizado um exame de eletrocardiograma nos primeiros 10 minutos de sua chegada ao hospital. Este exame será rapidamente entregue a um médico e o mesmo definirá a prioridade de atendimento no caso de confirmar a suspeita de Infarto. Dessa forma, o tratamento com remédios poderá ser iniciado de forma rápida, eficiente e segura”, finaliza.

Danilo Alves – Tribuna do Leste

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