Com tempo seco e baixa umidade do ar, queimadas se alastram

Na região, focos foram registrados em Manhuaçu e Parque Nacional do Caparaó
Os avanços dos incêndios por áreas verdes de Minas Gerais ligam o alerta das autoridades. Somente nos primeiros 11 dias de setembro foram registradas 1.414 queimadas, o que corresponde a 67,6% do total de todo o mês no ano passado. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A previsão dos meteorologistas desanima ainda mais. Não há previsão de chuva para os próximos dias em grande parte do estado. Recentemente, as chamas se espalharam, mais uma vez, pelo Parque Estadual da Serra do Rola-Moça. Na Serra de Ouro Branco, na Região Central de Minas Gerais, o fogo foi controlado depois de cinco dias de combate.
Houve registro de incêndio também no Parque Nacional do Caparaó (Parna), no distrito de São João do Príncipe, em Iúna, próximo à divisa com Minas Gerais, numa área anexa a propriedades rurais.
A secretária-executiva do Consórcio Intermunicipal para o Desenvolvimento Sustentável da Região do Caparaó, Dalva Ringuier, informou que brigadistas de combate ao fogo da região se mobilizaram e conseguiram controlar o fogo, não necessitando a atuação do Corpo de Bombeiros. “Está muito seco, há muitos dias que não chove”, conta Dalva.
Apesar de terem controlado as chamas, os brigadistas passaram a noite no local, de plantão. Na manhã do último sábado (9), a chefia do Parna se se deslocou até o local, junto com uma nova equipe de brigadistas, mas a unidade de conservação não soube informar sobre o tamanho da área atingida ou as possíveis causas do incêndio.
Os incêndios dentro das unidades de conservação também preocupam. De acordo com o Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad), neste mês já foram registradas 82 ocorrências nas áreas verdes protegidas e em seu entorno, o que corresponde a 38,8% da média dos últimos cinco anos. A alta já vem desde agosto, quando as queimadas ficaram 38% acima da média.
Focos em Manhuaçu
Dois registros de incêndio em vegetação mobilizaram equipes do Corpo de Bombeiros de Manhuaçu na tarde de quarta-feira, 13/09. O primeiro no bairro Bela Vista, o fogo na vegetação rasteira ameaçava atingir algumas residências. “Um pouco foi a falta de cuidado com os fundos dos lotes a vegetação seca cobria parte do telhado de algumas residências e com o fogo o risco de incêndio nestas casas foi preciso uma ação rápida do Corpo de Bombeiros controlando a situação”, explicou o Sargento Cleber Marcílio, do Corpo de Bombeiro de Manhuaçu.
O outro de grandes proporções atingiu a mata da AABB, na região do bairro Bom Pastor, de vários pontos da cidade via-se a densa fumaça causada pelo fogo. A primeira suspeita é de que o fogo foi criminoso. “Os indícios dão conta que o fogo teve início no loteamento Matinha, um local que não tem residências e muitos usuários de drogas visitam o local para o uso de entorpecentes, a partir daí o fogo se alastrou pela vegetação atingindo a mata da AAB e o residencial Bom Pastor, onde ameaçava algumas residências”, destacou o Sargento.
Área de Preservação
A mata da AABB é uma área remanescente de Mata Atlântica tendo a maior parte na propriedade do lavrador Marcos Pinheiro, um dos percursores na luta pelas causas ambientais, juntamente com os seus familiares.
Marcos Pinheiro deu início ao primeiro combate às chamas até a chegada do Corpo de Bombeiros. “Fico triste em presenciar situações lamentáveis como esta. Pessoas inconsequentes que não fazem ideia do tamanho do prejuízo que causam ao meio ambiente com as queimadas. Esta área consumida pelo fogo vai levar anos para se recuperar, sem contar nos inúmeros animais que abrigam nestas árvores. Fico muito triste com tudo isso”, lamenta Marcos.
Como o local da mata era de difícil acesso, o combate às chamas se concretaram próximo às residências. “Com a ajuda do Sr. Marcos Pinheiro fizemos um aceiro para impedir que o fogo atingisse outra área da mata. Infelizmente de um lado, o fogo atingiu as copas das árvores e o local era inacessível com o nosso caminhão, solicitamos um apoio à prefeitura de Manhuaçu, com picapes menores para tentarmos chegar no alto da mata e impedir que o fogo virasse para o outro, com a possibilidade de chegar até a AABB”, completa Sargento Cleber Marcílio.
Secura
O tempo seco é um combustível para os incêndios e persiste em boa parte do estado. A umidade relativa do ar tem ficado em torno de 30%, o que é considerado estado de atenção pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O índice pode elevar o risco de doenças respiratórias.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a massa de ar seco que está sobre a área central e no Sudeste do país vai continuar influenciando para dias secos em Minas Gerais.
Ouça a entrevista com o policial militar do 6º Pelotão de Ambiente e Trânsito de Manhuaçu, sargento Ary Quaresma:
Tribuna do Leste – Jailton Pereira / com informações de João Henrique do Vale / Estado de Minas / Fernanda Couzemenco / Século Diário