Não é exagero dizer que o Distrito de Realeza é um dos locais onde transita o maior número de usuários do transporte coletivo do estado. Situado em uma região estratégica, onde duas das maiores rodovias do país se cruzam, passam por Realeza todos os dias milhares de passageiros que têm como destino os estados da Bahia, Rio de Janeiro, Espírito Santo e até São Paulo. É que as BRs 262 e 116 ligam esses estados e elas entroncam no trevo do distrito.
Mesmo diante de toda essa demanda de embarque e desembarque, moradores da região reclamam da dificuldade em “pegar” os ônibus intermunicipais e especialmente os que fazem o transporte de linha dentro do município. Apesar de contar com tantas paradas de coletivos em locais tradicionais, como restaurantes e outros locais credenciados pelas empresas, o distrito tem poucos pontos de ônibus para abrigar quem aguarda o coletivo para ir a Manhuaçu ou mesmo em outro distrito do município. Na Rodovia Federal 262, conhecida como BR de baixo, nenhum local é definido como ponto de parada do ônibus.
O único abrigo coberto está na saída do distrito, pouco depois do trevo, já na saída para Manhuaçu. Para quem segue pela rodovia sentido Santo Amaro de Minas, mesmo caminho para a capital, dois bancos na Avenida Vitória Minas servem como local de referência para quem tem esse destino. Já na BR 116, a conhecida Rio/Bahia, apenas um ponto de ônibus próximo ao destacamento militar da comunidade, porém utilizado somente para quem vai seguir para Vilanova, São Pedro do Avaí, Caratinga… etc.
Aqueles que precisam vir para Manhuaçu esperam debaixo de um pé de manga que fica em frente à agência do Banco Bradesco. “Aqui é complicado. O ônibus já para rente ao corrimão da pista e a gente tem que aguardar no meio da escada entre uma BR e outra para não correr risco. Se der bobeira ele prensa a gente nessa estrutura de ferro e pode acontecer o pior. Além da falta de segurança para nós pedestres, esse lugar não possui uma guarita onde podemos abrigar do sol ou da chuva. O pior é que todo mundo precisa “pegar” o ônibus aqui. Se não for assim temos que andar quase 1km até o único ponto que tem próximo ao posto Barrigão”, reclamou Renato Gomes.
Se para um adulto aguardar o coletivo no local é perigoso, imagina para as crianças. Simone Dias enfrenta esse problema com frequência. “A gente chega aqui com nossos filhos e não temos lugar para ficar. Quando venho com as crianças tenho medo e tomo alguns cuidados como, por exemplo, esperar o ônibus estar totalmente parado para que eles possam entrar na pista e assim acessar o interior do veículo”, relatou a dona de casa.
Por se tratar de rodovias federais, somente o DNIT pode intervir nesse sentido. Nossa reportagem tentou contato com a unidade regional do departamento que fica em Rio Casca, mas sem sucesso. Ninguém se manifestou. Enquanto isso, moradores de Realeza ou mesmo de outras localidades que precisam utilizar o transporte coletivo no distrito, têm que enfrentar o sol e a chuva, a falta de segurança no local e os demais riscos que o problema oferece. Complicado imaginar que um dos locais mais conhecidos do estado para embarque e desembarque de passageiros de todo o país, não consiga ter um lugar descente para embarcar e desembarcar seus próprios passageiros com dignidade.
Klayrton de Souza