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Chuvas deixam 20 pessoas mortas e um rastro de destruição na região

Os dias 24 e 25 de janeiro dificilmente serão esquecidos pelos mineiros e principalmente, os moradores de Manhuaçu e região. Todo o estado, até o dia 30 de janeiro, havia contabilizado 55 mortes, sendo 20 delas em nossa região, na sua grande maioria na zona rural.

Luisburgo foi a cidade que mais perdeu vidas, cinco pessoas morreram em decorrência de deslizamentos de encostas e enxurradas, três delas da mesma família.

As duas primeiras vítimas fatais confirmadas em Luisburgo foi o casal Maria Bicalho Ferreira, 62 anos e Valtair Alves de Souza, 63. O casal de idosos teria tentado sair da casa de carro, durante o início da inundação e foi levado pela correnteza. O corpo de Maria Bicalho Ferreira foi localizado, há uma distância aproximada de 3 km de sua residência, e o senhor Valtair também foi localizado horas depois. A casa foi totalmente destruída, o veículo foi localizado preso em meio às arvores a uma distância de 2 km do local.

Ainda em Luisburgo, a residência de Sidnei da Silva Alves, 42 anos, foi totalmente soterrada num deslizamento de uma encosta. A lama que desceu do morro levou a lavoura de café, árvores, pedras e tudo que estava pela frente.

Na residência ainda moravam a esposa de Sidnei, Rita de Cássia Pereira, também de 42 anos e o filho Sidimar da Silva Alves, um adolescente de 16. Foram cinco dias de buscas até localizar todos os corpos. Todas as cinco vítimas eram moradoras da região da Pedra Dourada

O fato comovente que chegou a emocionar até os Bombeiros mais experientes, ocorreu no Córrego Bragunça, na divisa de Alto Caparaó com Alto Jequitibá. Uma casa foi arrastada pelo deslizamento de terra havia uma família, num total de 05 pessoas, sendo um casal e três filhos, duas crianças ainda conseguiram escapar antes da casa ser arrastada. Foram localizadas as 03 vítimas fatais, sendo o casal Jorcenei Peron Araújo, 40, e Elcimeire de Oliveira Araújo, 36 e ainda o filho do casal, Riquelme de Oliveira Araújo, de apenas três anos de idade. Muitos dos Bombeiros que trabalhavam na procura dos corpos, não contiveram as lágrimas ao localizar o corpo da criança.

Em Alto Caparaó, um deslizamento de terra no córrego Fama tirou a vida de Clarisvaldo Barbosa Rezende de 50 anos. O seu corpo foi localizado logo pela manhã de sábado.

Em Simonésia, o casal de avós e a neta morreram, também por causa de um deslizamento de terra, no Córrego Três Barras. A residência foi totalmente soterrada, ocasionando a morte dos três moradores: Sebastião Joaquim de Freitas, 81 anos, Alda Clementina de Freitas, 73 e Vanessa Julia Gomes de Freitas, 15 anos. No momento não foi possível deslocar ao local devido a precariedade das estradas, nem mesmo com a intervenção de máquinas da prefeitura. Os próprios moradores, vizinhos e amigos conseguiram retirar os corpos em meio a lama.

Outro drama vivido por uma família inteira, foi no córrego Indaiassu em Alto Jequitibá. A terra desceu pela encosta e arrastou a casa para o leito do rio, onde a enchente levou três crianças rio abaixo. Populares conseguiram ainda socorrer uma das crianças que foi encontrada dentro do rio, sendo João Vitor Fagundes Salim, de 12 anos, ela foi levada pelos Bombeiros Militares até a UPA em Manhuaçu, e transferida no domingo, (26) para Belo Horizonte em estado grave. As outras duas crianças, irmãs de João Vitor, sendo Eduardo Fagundes Salim de 7 anos e Isadora Fagundes Salim de 01 ano foram localizadas já sem vida.

Também em Alto Jequitibá, uma centenária perdeu a vida em decorrência das chuvas. Dinora Rosalina da Silva, de 101 anos, era moradora do Córrego da Luanda. Ela foi socorrida ao pronto socorro municipal de Alto Jequitibá, após ter a casa atingida por um deslizamento de terra, mas já chegou sem vida.
Em Manhuaçu foi registrado um afogamento na Avenida Getúlio Vargas, bairro Coqueiro. Segundo testemunhas Ueldison Carlos da Cruz, 33 anos, o “Pacote”, entrou nas águas do rio Manhuaçu, que tomou conta da avenida e desapareceu. Populares resgataram o corpo horas depois, na rua Camilo Melen Sad, quando o nível das águas já estava mais baixo.

Na região do Córrego Cachoeirinha, em Santa Margarida, uma casa ficou soterrada. A vítima Daniel Henrique de Souza foi socorrida por populares, mas veio a óbito logo após.

Outras três pessoas também morreram vítimas de soterramento, desta vez em Pedra Bonita, no Córrego do Café, um casal estava andando pela estrada quando ocorreu um primeiro desmoronamento de terra, vindo a soterrar os dois, tendo o marido Leandro José do Carmo conseguido sair e com a ajuda de um popular, ele ainda tentou resgatar sua esposa, quando ocorreu um segundo deslizamento, momento que não foi possível socorrer a esposa com vida.

Com a ajuda de populares, Marelene Aparecida Ferreira do Carmo, 34 anos, foi resgatada e levada, porém, já sem vida para a cidade de Santa Margarida, sendo encaminhada na ambulância do serviço de saúde municipal para o IML de Manhuaçu.

Ainda em Pedra Bonita, um de deslizamento de terra no Córrego da Laje, deixou uma casa soterrada, Vanessa de Souza Chaves, 17 anos, estava dormindo em seu quarto no momento do desabamento. Ela ainda foi socorrida por familiares, mas veio a óbito.

Já no Córrego da Cruz, no mesmo município, equipes de resgate localizaram o corpo de Laurentino Ferreira da Costa, de 65 anos, que teve a casa atingida por um deslizamento de terra. Laurentino foi localizado na manhã de segunda-feira, dia 27.

Janeiro, que terminou na sexta-feira (31), foi o mês mais chuvoso da história da cidade desde o início da medição climatológica há 110 anos, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Na região de Manhuaçu choveu o acumulado de 257 mm no mês de janeiro (Climatempo). “Os maiores volumes de chuvas foram observados na cabeceira do rio Manhuaçu (Luisburgo e São João do Manhuaçu), em 24 horas, entre os dias 24 e 25, choveu 160 mm, um recorde histórico”, finaliza o meteorologista, Ruibran dos Reis, do Climatempo.

Jailton Pereira

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