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Matipó contabiliza prejuízos após fúria do Rio que leva o nome da cidade

A equipe do Tribuna do Leste foi até a cidade de Matipó para saber como os moradores estão recomeçando após o Rio Matipó invadir ruas , prédios e casas em alguns bairros.

Impressiona quem vivenciou, assusta quem viu o resultado. Na última terça-feira, 28 de janeiro, nossa equipe foi a Matipó para registrar o trabalho de limpeza depois da enchente que aterrorizou o município. Lá o Rio Matipó também não suportou o grande volume de chuvas na região e deixou destruição na área comercial e em bairros residenciais. A área mais alagada do município foi indiscutivelmente o Bairro Exposição. Ela fica logo na entrada da cidade e está em uma área bem baixa. Nesse local foi grande o número de desalojados porque a água subiu bastante, porém se espalhou. “No domingo, dia 25, chegamos a contabilizar 1.376 pessoas desabrigadas. Quando o rio começou a baixar algumas dessas pessoas voltaram para fazer a limpeza e retornar para suas casas, diminuindo assim esse número. Já os desabrigados foram cerca de 150, porém esse número tende a aumentar. Ainda estamos fazendo levantamento na cidade e nas comunidades rurais e estamos nos deparando com muitas construções abaladas que infelizmente temos que condenar para garantir a segurança das pessoas”, destacou Eduardo Moreira, Coordenador da Defesa Civil de Matipó.

Na região central os estragos foram maiores no comércio e em alguns prédios públicos. Ponte caiu, calçamento arrancou, supermercados, farmácias, lojas, bancos e vários outros estabelecimentos foram severamente atingidos e os prejuízos ainda são incalculáveis. Na Praça Independência, Praça Padre Fialho, Av. São João, Av. Salvador Sabino e várias outras que abrigam a área comercial da cidade foram tomadas pelas águas e pela força da enxurrada. Tanto que a principal unidade de saúde de Matipó foi totalmente invadida e foram perdidos móveis, computadores, medicamentos, arquivos e vários prontuários de pacientes. O mesmo aconteceu com o cartório de registro civil do município. O CRAS, que é o Centro de Referência em Assistência Social, também foi invadido. A Rua Miguel Monteiro foi revirada. O morador Hélio Ornelas Vieira disse que nunca viu nada parecido. “Eu me lembro bem de uma enchente que assustou Matipó em 1985, mas agora foi muito além. Tenho imóveis nessa rua e foram todos atingidos. Até um caminhão que estava estacionado aqui foi levado pela correnteza”. Outro morador, João Alberto, disse que teve que sair às pressas. “Eu e meus filhos fomos monitorando e à medida que o Rio ia subindo a gente também subia de andar aqui no prédio. Ficamos ilhados e vimos tudo acontecer de perto. Foi muito assustador e triste ver as águas levando tudo que encontravam pela frente”, relatou o aposentado.

Também em Matipó, como em todas as cidades da região que foram atingidas pelas enchentes, a solidariedade foi o ponto alto do trabalho de limpeza. Muita gente se juntou para apoiar as pessoas mais afetadas. O empresário Aureliano Rosa de Oliveira conseguiu ajudar a irmã e a esposa a retirar os pertences de um consultório odontológico e de uma pequena loja antes que as águas chegassem. No dia seguinte, após a enchente, colocou caminhão e máquinas à disposição. “Tive a sorte de não ser atingido, mas tenho muitos amigos que foram. Nesse momento a gente tem que colaborar nesse processo de reconstrução do nosso município e não olhar cansaço nesse primeiro momento”, disse emocionado.

O prefeito Valter Mageste de Ornelas, conhecido como Valtinho, decretou estado de emergência e garantiu que vai buscar recursos para reconstruir a cidade. “Vamos torcer para que os governos federal e estadual liberem recursos, mas não vamos esperar somente por isso. Vou fazer contato com BDMG e com outras instituições financeiras para tentar conseguir recursos para agilizar esse processo de reconstrução de Matipó. Trabalhei no socorro às pessoas e agora estou colaborando na limpeza e a cada situação que deparamos ficamos mais comovidos com essa situação. O povo de Matipó é corajoso, trabalhador de muita fé. Isso vai ser determinante para superarmos tudo isso”, finalizou o prefeito.

O Rio Matipó que atingiu a cidade também passa por municípios como Santa Margarida e quando chega na cidade, já recebeu carga de outros afluentes. Juntando esse fato ao grande volume de chuva, incluindo trombas d’água, fez com que essa enchente fosse a maior de todos os tempos também em Matipó.

Klayrton de Souza

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