Superintendência Regional de Saúde alerta para risco de dengue
Em Minas Gerais, número de casos prováveis mais que triplica

As ações para controle e prevenção das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti devem ser mantidas durante todo o ano. Entretanto, a chegada das chuvas e o aumento das temperaturas tornam as medidas de prevenção ainda mais relevantes.
O período do verão é o mais propício à proliferação das larvas do transmissor da Dengue, Zika, Chikungunya, e consequentemente, é a época de maior risco de infecção por essas doenças. De acordo com o boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) na última terça-feira (21), na área da Superintendência Regional de Saúde de Manhumirim as cidades com maior índice de infestação neste mês de janeiro foram Mutum, com 51 casos suspeitos, e Taparuba, com 4 casos, ambos com grau de incidência médio. Em Manhuaçu, foram registrados 3 casos.
“A Superintendência Regional trabalha em parceria com os municípios fomentando a necessidade obrigatória de realizar três amostragens de índice de infestação para o Aedes aegypti, uma em março, uma em outubro e estamos fazendo uma agora em janeiro. Nas últimas amostragens tivemos uma indicação de estado de alerta, apresentaram infestação caracterizada para que os municípios tenham maior atenção. Estamos aguardando, com o advento das chuvas agora, que esse índice possa aumentar.
O aumento desse índice faz com que o risco do aparecimento efetivo da doença aconteça. Trabalhamos em estado de alerta em outubro, novembro e dezembro e estamos aguardando os resultados de janeiro para entendermos o aumento desse índice e todo o cuidado deve ser redobrado”, explica o Coordenador do Núcleo de Epidemiologia da Superintendência Regional de Saúde, Ernesto Grillo.
Entre as ações do estado está a realização de reuniões de alinhamento entre técnicos das Regionais de Saúde das áreas de vigilância epidemiológica e laboratorial, controle vetorial, comunicação e mobilização social, assistência, farmácia e gestão. “É rotineiro em nossas ações estarmos constantemente em contato com os municípios, via telefone, e-mail, presencial, reuniões, para que fossemos monitorando as ações realizadas. Foram estimulados mutirões de limpeza, reuniões com a comunidade, panfletagem, ações educativas. É muito importante que a população saiba do risco e possa se mobilizar nesse momento”, reitera o coordenador.
Cerca de 80% dos focos do Aedes estão dentro das residências e o período de chuvas e calor é considerado o cenário ideal para proliferação do mosquito. Neste período, o ideal é eliminar recipientes que podem servir para acúmulo de água e, consequentemente, para a proliferação do mosquito. “Costumo dizer que a dengue, como todos sabem, ela é intradomiciliar. O mosquito está dentro das casas, residências, quintais, dentro da comunidade, então a participação popular, a mobilização social é de vital importância no controle. Cada pessoa é um agente de combate à dengue, que não aguarde apenas o serviço público tomar uma atitude. O serviço público está empenhado em tentar estabelecer a normalidade da situação, mas a população precisa colaborar, diminuindo entulho, água parada, acabando com terrenos baldios, mantendo a limpeza e observando ações tantos suas, quando nos arredores, orientar vizinhos, a comunidade em geral, trabalho de formiguinha mesmo, cada um tem que fazer sua parte”, reforça.
Combate no município
Nossa reportagem tentou contato com a Secretaria Municipal de Saúde de Manhuaçu, a fim de divulgar as ações realizadas na cidade a respeito de prevenção, mas não obteve resposta.

Minas Gerais
Boletim divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde apresentou mais um quadro preocupante em relação à dengue, com números que superam até mesmo os do ano passado, quando Minas Gerais enfrentou uma epidemia da doença. É exatamente o que ocorre com a quantidade de mortes suspeitas da enfermidade até 21 de janeiro: três em investigação até essa data em 2020, contra duas em 2019.
Na comparação com o boletim da semana passada, o relatório atual traz, ainda, uma explosão dos casos prováveis, isto é, a soma dos suspeitos com os prováveis: um salto de 677 para 2.246, crescimento de 231%. Vale lembrar que nem todos os diagnósticos sob suspeição aconteceram no período de sete dias, mas sim que eles passaram a fazer parte do levantamento nesse intervalo de tempo.
Alerta
Na semana passada, o Ministério da Saúde alertou sobre possibilidade de surto em 11 estados da Região Nordeste e dois do Sudeste: Rio de Janeiro e Espírito Santo. Para o infectologista Carlos Starling, a ameaça do surto deve se estender a Minas Gerais, uma vez que não ocorreu nenhuma mudança estrutural que levasse a uma queda significativa nos casos da doença.
“Somos limitados em termos de medidas de controle da dengue. O mosquito é muito bem adaptado às condições urbanas. Do ano passado pra cá, as cidades não mudaram e o mosquito também não mudou. Então, continuaremos tendo número expressivo de casos, infelizmente”, afirmou. Entre os problemas, ele cita o grande número de lotes vagos que se tornam criadouros do mosquito.
Preocupação com a chikungunya
Não é só com a dengue que Minas Gerais enfrenta problemas neste ano. Os números de casos investigados da febre chikungunya, também transmitida pelo Aedes aegypti, aumentaram bastante na comparação entre o boletim de ontem e o da semana passada: saltaram de oito para 44.
No ano passado, no mesmo período, 63 diagnósticos eram investigados ou já estavam confirmados. Em 2019, foi confirmado um óbito por chikungunya em Patos de Minas, e existe outro ainda em investigação. Em 2020, não houve registros de vidas perdidas.
Outra enfermidade ligada ao inseto é o zika vírus. São, até o momento, 11 casos prováveis da doença em Minas Gerais, sendo dois em gestantes. No ano passado, foram 705, sendo 163 em grávidas.
João Vitor Nunes, com informações do Estado de Minas