
Em pequenas cidades do interior de Minas Gerais, têm baixado significativamente – em alguns casos, eles já estavam abaixo do recomendado – os índices de isolamento social, parte essencial da estratégia de prevenção da disseminação do novo coronavírus. Nessas mesmas localidades, cresce o número de pessoas infectadas e mortes atribuídas à covid-19.
Manhuaçu ilustra bem essa situação, segundo estudo feito pelo Observatório Social da Covid-19 da UFMG, em parceria com o grupo isola.ai, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Com população de cerca de 90 mil habitantes, o município tinha, até 6 de julho, 242 casos diagnosticados e sete mortes registradas.

De acordo com os pesquisadores, os índices de isolamento social detectados com base em dados de telefones celulares revelam baixa adesão da população às medidas de contenção do coronavírus. “O município representa bem a fase atual da disseminação da doença no Brasil, marcada pela interiorização”, afirma o professor Marden Campos, do Departamento de Sociologia da UFMG, um dos autores da nota.
Campos lembra que Minas Gerais é um dos poucos estados brasileiros onde a maior concentração da doença já está no interior. Belo Horizonte abriga 52% da população mineira, mas registra cerca de 40% dos casos de covid-19 no estado. “E há um crescimento acelerado do número de casos no interior. É quase certo que as medidas de isolamento social foram implementadas na capital antes que a doença se espalhasse. E vários municípios do estado não promoveram o isolamento social ou não foram bem-sucedidos, e os casos estão disparando”, comenta o professor da Fafich.
Geolocalização pelos aplicativos
O estudo que une a UFMG e a UFRN lançou mão de índice de isolamento social desenvolvido pela empresa de tecnologia In Loco, que se vale de um sistema de geolocalização para aplicativos de telefones celulares. O índice revela a variação do número de pessoas que não saíram de suas casas. O indicador é construído com base em informações agregadas e anônimas da movimentação de 60 milhões de aparelhos em todo o país. Os dados computados no estudo abrangem o período de 1º de fevereiro a 29 de junho.