
Na terça-feira, 21 de maio, o Salão Nobre da Casa de Cultura Ilza Campos Sad recebeu o lançamento da animação “Uma República”, média-metragem que apresenta um episódio da história de Manhuaçu: a revolta liderada pelo Coronel Serafim Tibúrcio, no final do século XIX, quando tentou transformar o município em uma república independente, com moeda própria.
A animação foi realizada pelo artista Ronaldo Marcial Gomes, que atuou como produtor geral, diretor de animação e colaborador em todas as etapas do projeto. A proposta da obra é preservar a memória de um acontecimento registrado na cidade por meio da linguagem audiovisual.
A construção do personagem central, Serafim Tibúrcio, foi feita a partir de uma única fotografia. A partir dessa imagem, Ronaldo e a equipe criaram o personagem e os elementos visuais da narrativa. “Todo mundo sabe alguma coisa sobre o Seraphim de Busca, mas ninguém sabe ao certo quem ele foi”, relata.
Sem registros visuais dos demais envolvidos na história, a equipe precisou desenvolver os personagens com base em descrições e relatos orais. “Foi necessário confiar na memória das pessoas e em versões diferentes sobre os fatos”, afirma Ronaldo. “Criamos uma narrativa que deixasse espaço para que cada pessoa formasse sua própria imagem dos acontecimentos.”
Durante o processo de pesquisa, foram encontradas múltiplas versões sobre o episódio retratado, muitas vezes com informações contraditórias. “Tentamos seguir uma linha que fizesse sentido, sempre buscando manter o conteúdo o mais próximo possível dos registros disponíveis.”
O filme não se restringe ao público de Manhuaçu. A proposta é divulgar a história da cidade em um contexto mais amplo. “A ideia é mostrar parte da nossa cultura para além da cidade. Eu sou de Manhuaçu, nascido aqui, e quis levar essa história para outras pessoas.”
O projeto também aborda o contexto da época, incluindo aspectos como o coronelismo, os sistemas de crédito e a estrutura fundiária de Manhuaçu no final do século XIX. Para isso, a equipe optou por um formato que pudesse alcançar diferentes faixas etárias. Inicialmente pensado como um documentário, o projeto foi adaptado para uma animação com linguagem acessível, permitindo a exibição em diversos espaços.
Danilo Alves – Tribuna do Leste