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Setor agropecuário lidera exportações em Minas Gerais em meio à ameaça de barreiras comerciais
Em um cenário marcado por incertezas internacionais e mudanças no comércio global, o agronegócio mineiro vem escrevendo um novo capítulo na economia do estado. Pela primeira vez, o setor agrícola superou a mineração em valor exportado, fato que se repetiu não apenas em 2024, mas também nos primeiros meses de 2025.
A informação foi confirmada pelo Secretário de Estado Adjunto de Desenvolvimento Econômico, João Ricardo Albanez, que destacou o simbolismo e o impacto dessa virada para Minas Gerais. “Minas sempre foi sinônimo de minério. Séculos de exploração minerária moldaram nossa história e geraram riqueza. Mas agora, com dados consistentes, vemos o agronegócio ultrapassando esse setor tradicional. Isso mostra uma nova força econômica surgindo no estado”, afirmou o secretário.
Segundo ele, o desempenho do agro não é apenas pontual, mas vem se consolidando ao longo dos últimos anos, especialmente com as exportações de café, carnes, frutas e produtos florestais. Essa diversificação e crescimento demonstram o potencial ainda inexplorado de Minas, um estado com dimensões territoriais comparáveis às da França, como lembrou Albanez. “Temos espaço, recursos e tecnologia para crescer ainda mais. Essa ‘competição’ entre agro e mineração não é ruim. Pelo contrário, é saudável. Ela impulsiona a economia, gera renda para os produtores, empregos no interior e receitas para os municípios”, explicou.
Desafios com os EUA e risco de tarifas
Mesmo com os bons resultados, o setor agropecuário mineiro enfrenta desafios. Um deles é a ameaça de novas tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos, um dos principais destinos das exportações do estado. Hoje, cerca de 12% dos produtos do agro mineiro são vendidos ao mercado norte-americano, com destaque para o café, carro-chefe das exportações. O secretário reconheceu o impacto que uma taxação pode trazer, mas destacou a confiança na capacidade de diálogo e negociação. “É um momento de preocupação, sim. O produtor já está acostumado a lidar com ciclos e incertezas. Mas sabemos que tarifas como essas também afetam os consumidores americanos, que verão preços mais altos. Isso cria uma pressão interna por uma solução.”
Ele reforça que a diplomacia econômica será essencial para atravessar o momento. “Acreditamos que esse obstáculo será superado com diálogo e bom senso. O impacto é significativo tanto para Minas quanto para os EUA. É do interesse de todos encontrar um caminho viável para manter esse intercâmbio comercial saudável.”
Danilo Alves – Tribuna do Leste