Segurança Pública e Cidadania: Adultização na Internet – O perigo da exposição infantil disfarçada de entretenimento
No programa de hoje, vamos falar de um assunto grave, infelizmente já muito conhecido por quem atua na segurança pública, mas que voltou a ganhar destaque nos últimos dias: a adoção de práticas de adultização de crianças na internet.
Há anos alertamos aqui sobre os riscos da rede, sobre como as redes sociais podem ser usadas de forma criminosa. Recentemente, um vídeo de um influenciador digital reacendeu a discussão ao expor uma prática que, embora não seja nova, continua sendo alarmante: o uso de crianças para vender produtos, se comportar como adultos e, em casos ainda mais graves, falar ou insinuar conteúdos de cunho sexual.
E o pior: muitas vezes, não são criminosos escondidos que promovem essa exposição, mas os próprios pais ou responsáveis, que colocam as crianças diante das câmeras com textos prontos, roteiros ensaiados e falas que induzem à sexualização precoce. Isso não apenas compromete a formação emocional e psicológica dessas crianças, como atrai a atenção de pedófilos, que podem salvar e compartilhar essas imagens para fins ilícitos.
O mais revoltante é que essa prática, já denunciada por nós e por autoridades de segurança pública há muito tempo,*só agora está sendo amplamente debatida porque um influenciador com grande *audiência resolveu expor o problema. O tema já está, inclusive, sendo discutido no Congresso Nacional, com a possibilidade de criação de uma lei específica para coibir essa conduta.
Sob o falso argumento de “liberdade de expressão”, muitas redes sociais têm permitido que crianças sejam expostas de forma indevida. Isso inclui vídeos em que elas aparecem vendendo cursos, afirmando que estudar ou trabalhar é desnecessário, e que basta “estar na internet” para ganhar dinheiro. Uma distorção completa de valores, que deseduca, explora e coloca em risco o futuro dessas crianças.
É urgente que haja regulamentação e fiscalização rígida das redes sociais, para impedir a exploração e a sexualização infantil online. A sociedade precisa entender: criança não é ferramenta de marketing, não é isca para engajamento, não é produto para gerar likes ou lucros.
Aqui no Segurança Pública e Cidadania, seguiremos acompanhando e denunciando essas práticas. E esperamos que, com a repercussão do tema, as autoridades finalmente possam agir com o rigor que a situação exige, protegendo nossas crianças e punindo severamente quem lucra com a inocência delas.
Carlos Souza – Delegado