ColunistasDestaqueDr. Carlos Roberto Souza

Segurança Pública e Cidadania: Encerrando o Agosto Lilás

Estamos encerrando o Agosto Lilás, mês em que o Brasil inteiro se une em uma mobilização nacional pelo fim da violência contra as mulheres.
Neste ano, a campanha tem como lema: “Não deixe chegar ao fim da linha. Ligue 180.”
Uma mensagem clara: é preciso agir antes que a violência tire vidas.

No próximo dia 7 de agosto, a Lei Maria da Penha completa 19 anos.
Reconhecida internacionalmente como uma das legislações mais avançadas no combate à violência doméstica, a lei é um marco de proteção e transformação de vidas.
Mas, apesar dos avanços, os números ainda são alarmantes.

De acordo com o 19º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, só em 2024, 1.492 mulheres foram vítimas de feminicídio no país — uma média de 4 mulheres mortas por dia.
A maioria delas eram negras, de classe social mais baixa, com idade entre 18 e 44 anos.
Mais da metade dos crimes ocorreram dentro da própria casa da vítima, e em 8 de cada 10 casos, o agressor era o companheiro ou ex-companheiro.

Esses dados mostram uma dura realidade: as principais vítimas da violência contra a mulher no Brasil são as mais vulneráveis, aquelas que enfrentam, além da violência de gênero, as marcas da desigualdade social e racial.

Por isso, o desafio que temos pela frente não é apenas criar novas leis.
A legislação já existe, e a atuação das polícias e do Judiciário tem se tornado cada vez mais efetiva.
O que precisamos agora é dar um passo além: enfrentar as raízes da violência.

A origem dessa violência está no machismo estrutural, herdado de um passado paternalista que, até poucas décadas atrás, ainda era aceito e legitimado.
Está também nas dificuldades da nova configuração familiar, onde o diálogo, o respeito e a igualdade ainda não se consolidaram como valores centrais.

Se queremos mudar esse cenário, precisamos investir em educação e formação de consciência.
É fundamental ensinar, desde cedo, que a família é a união de pessoas diferentes, mas com um objetivo comum:
viver em paz, criar seus filhos e buscar a felicidade juntos — homens e mulheres, lado a lado, com direitos iguais.

O Agosto Lilás é, acima de tudo, um chamado à ação coletiva.
Porque proteger as mulheres não é apenas uma questão de política pública: é um compromisso de toda a sociedade.
E a vida das mulheres brasileiras não pode esperar.

 

Carlos Souza – Delegado

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