DestaqueSaúde

Crianças e telas: quando o uso vira risco?

O uso excessivo de telas por crianças e adolescentes pode causar sérios prejuízos ao desenvolvimento emocional e cognitivo, tanto a curto quanto a longo prazo. Esse cenário aumenta a preocupação com os limites do uso consciente de dispositivos eletrônicos durante a infância.

A neuropsicóloga Brenda Teixeira explica que o tempo prolongado em frente às telas pode favorecer dificuldades na regulação emocional, além de contribuir para transtornos mentais como ansiedade e depressão. Em adolescentes, há ainda risco de comportamentos autolesivos, enquanto em crianças mais novas são comuns problemas relacionados ao sono, à alimentação e às interações sociais. No campo cognitivo, Brenda destaca prejuízos na atenção sustentada, dificuldades em lidar com o tédio e queda no desempenho escolar.

Apesar de existirem conteúdos menos nocivos, como os chamados desenhos de baixo estímulo, a neuropsicóloga enfatiza que o mais importante é evitar o uso das telas como ferramenta para acalmar ou distrair a criança nos momentos de instabilidade emocional. Esses momentos são fundamentais para o desenvolvimento da autorregulação e podem ser conduzidos com o apoio dos pais ou responsáveis.

Brenda aponta estratégias mais eficazes de acolhimento emocional nesses momentos, e sugere algumas práticas:

“Mais do que um desenho apropriado ou de baixo estímulo é a gente entender, às vezes, que a gente pode não usar a tela, então a gente escolhe para uns momentos que o adulto precisa fazer algum afazer urgente e sempre com supervisão. Existem as técnicas de respiração com crianças menores, a gente pode fazer a respiração do cheiro à florzinha e só para a velhinha, você pode ajudar as crianças a nomear o que elas estão vendo, por exemplo, me fala cinco coisas verdes que você está vendo, me fala três sons que você está ouvindo, um cheiro, quebra-cabeça, revistinha de colorir, massinha, atividades manuais como legos pequenos ou legos grandes que a mãe puder levar, isso sim ajuda também a regular, além de ficar em frente à criança, lembrar a criança que você compreende ela, que às vezes ela está num ambiente diferente ou então um ambiente muito cheio, você pode levar ela para o banheiro.”

Além dos aspectos emocionais e cognitivos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) também alerta para os impactos físicos relacionados ao uso excessivo de telas, como o sedentarismo e a obesidade infantil. A recomendação da entidade é que crianças de 1 a 2 anos não tenham acesso a telas, enquanto as de 3 a 4 anos não ultrapassem 1 hora diária de exposição. Para um desenvolvimento saudável, a OMS orienta que crianças entre 1 e 4 anos pratiquem ao menos 1h30 de atividades físicas moderadas por dia. Já os bebês de até 1 ano devem passar 30 minutos diários de bruços, enquanto estiverem acordados.

 

Lorena Correia – Tribuna do Leste

Comentários

Mostrar mais

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo