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Dia Internacional de Atenção à Gagueira: Informação, respeito e apoio

O dia 22 de outubro marca o Dia Internacional de Atenção à Gagueira. A data foi instituída pela Associação Internacional de Fluência (IFA) e pela Associação Internacional de Gagueira (ISA), com o objetivo de conscientizar a população sobre o transtorno da fala que afeta cerca de 2 milhões de pessoas no país, segundo dados do IBGE.

O fonoaudiólogo e mestre em Ciências Fonoaudiológicas, Ruliano Santana da Matta, explica que a gagueira é um transtorno caracterizado pela interrupção da fluência da fala, manifestando-se por meio de repetições, bloqueios ou prolongamentos de sílabas. Trata-se de uma condição multifatorial, com três tipos mais comuns: a gagueira do desenvolvimento, que ocorre quando a criança está começando a falar e apresenta gagueira passageira; a gagueira plena, que tende a ser permanente e geralmente está relacionada à genética; e a gagueira psicológica, comumente associada a quadros de ansiedade.

Segundo o fonoaudiólogo, Dr. Ruliano, embora não tenha cura, com o tratamento adequado, o paciente pode alcançar um bom controle da fala: “A gagueira não tem cura. Porém, ela tem um controle. Então, é muito importante a gente lembrar isso. Porque, quando a gente fala que a gagueira não tem cura, parece que a gente está tirando a esperança do paciente. Mas, não. A gagueira tem um controle, um ótimo controle, inclusive. E a gente consegue até manter o paciente em um estado tão estável que muitos conseguem manter a fala de uma forma fluente que os outros nem vão perceber que ele tem gagueira. Claro que isso depende também do grau de gagueira que a pessoa tem, de como ela domina a técnica, os exercícios e outros fatores associados. Sim, todos os casos de gagueira precisam do fonoaudiólogo.”

O profissional também explica que existem três abordagens mais utilizadas no tratamento: uma voltada à redução da tensão ao falar; outra baseada na modificação da fluência, ajustando a forma como a pessoa se comunica; e o tratamento híbrido, que combina as duas técnicas. No caso das crianças, o processo é realizado de forma indireta, por meio de brincadeiras, para que os exercícios não sejam percebidos como intervenção.

Ruliano destaca ainda que o isolamento social é comum entre os pacientes, e reforça a importância do Dia Internacional de Atenção à Gagueira para a visibilidade e inclusão das pessoas com o transtorno: “Mostrar à sociedade que os gagos existem e eles merecem respeito. A gagueira não tem graça nenhuma e as pessoas sofrem muito com a gagueira. Infelizmente, até hoje, estamos em 2025, as pessoas usam a gagueira como algo engraçado.” reforçou.

Ele ressalta também a importância do apoio no convívio social da pessoa com a gagueira, recomendando evitar ambientes e relações que agravam a situação, se cercando de pessoas que vão apoiar, dar força ao tratamento e que não vão fazer do problema um motivo de chacota. E deixa um recado à sociedade: “Para a sociedade, é justamente o que eu disse anteriormente. Respeitar as pessoas que têm gagueira, entendendo que é um transtorno, que é muito difícil de ser tratado, e que, principalmente, nós temos que conscientizar que não tem graça. Isso já passou, isso é coisa do passado. Estamos, como eu disse, em 2025. O capacitismo, nesse sentido, já é algo ultrapassado. Então, vamos ter um pouco mais de empatia com o público gago. Eu acho que é isso a minha mensagem.”

Fonte: Ruliano Santana da Matta – Fonoaudiólogo e Mestre em Ciências Fonoaudiológicas
Crfa 6-9802

Lorena Correia – Tribuna do Leste

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