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Professor universitário de Manhuaçu é palestrante no Seminário Internacional da Pessoa em Situação de Rua

O doutor em Ciências Sociais e professor universitário em Manhuaçu, Igor de Souza Rodrigues, será um dos palestrantes do Seminário Internacional da Pessoa em Situação de Rua, promovido pelo Ministério da Saúde. O evento acontece nos dias 22 e 23 de outubro, na sede da Fiocruz, em Brasília, com o objetivo de discutir estratégias para enfrentar o problema e influenciar políticas públicas.



O crescimento da população em situação de rua no Brasil tem levantado alertas entre especialistas em políticas públicas e inclusão social. Dados do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apontam que mais de 345 mil pessoas vivem nessa condição em 2025, o que representa um aumento de 5,37% em relação ao ano anterior e de quase 1000% em 16 anos, segundo o professor. 

Segundo o doutor Igor, o crescimento dessa população tem causas estruturais profundas. Ele destaca que, nas últimas décadas, o sistema capitalista tem falhado em garantir inclusão social por meio do trabalho formal: “A gente vive hoje uma realidade em que o trabalho vem sendo eliminado por avanços tecnológicos, como a microeletrônica e a inteligência artificial. Isso empurra muitas pessoas para a informalidade e, em casos extremos, para a rua”, explicou.

De acordo com ele, atividades informais, como vendas ambulantes e reciclagem de latas, se tornaram alternativas de sobrevivência, mas não asseguram direitos básicos como moradia e alimentação adequada. Para o pesquisador, o crescimento da população de rua também reflete o colapso da assistência social e a dificuldade do Estado em oferecer respostas efetivas.

A palestra de Igor foca no papel da justiça nesse cenário. Ele avalia que decisões recentes, como a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) julgada pelo Supremo Tribunal Federal, reconhecem a violação de direitos dessa população, mas ainda não são suficientes para reverter a situação: “As políticas públicas falharam, e muitas vezes foram substituídas por ações higienistas que agravaram o problema. A justiça precisa garantir o mínimo de dignidade para essas pessoas”, afirma.

Com 16 anos de atuação na pesquisa sobre o tema, o professor reforça que a sociedade ainda trata o problema com estigmas e julgamentos equivocados associando a pessoa em  situação de rua apenas à dependência química ou à criminalidade, sem considerar os rompimentos familiares, a falta de oportunidades e a extrema vulnerabilidade.

Para ele, enfrentar o problema passa pela mudança dessa percepção coletiva e destaca que o participar do evento gera um sentimento de colaboração e envolvimento com a sociedade: “Eu tenho uma vida dedicada ao estudo da população, da situação de rua. (…) Então, eu acho que quando a gente está num evento desse, é uma sensação de estar colaborando com a missão, né? Não um sentimento pessoal, a vaidade pessoal. Isso, já como pesquisador, não é algo que me move. Mas, sobretudo, a questão da gente estar… dos trabalhos que a gente desenvolve para a melhoria da sociedade.”

Lorena Correia – Tribuna do Leste

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