A Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) de Manhuaçu receberá a aplicação da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nos dias 16 e 17 de dezembro. Trinta e seis recuperandos da instituição estão inscritos para realizar a avaliação.
Em 2025, Minas Gerais registrou número recorde de inscrições de pessoas privadas de liberdade no Enem. Foram 8.807 presos inscritos entre os dias 6 e 24 de outubro no estado — o maior número desde 2017. Em Manhuaçu, a prova será realizada na própria unidade da APAC, em novas salas de aula construídas na instituição, que conta com uma coordenadora responsável pela organização da aplicação da avaliação.
A coordenadora de metodologia da APAC Manhuaçu, Denise Rodrigues de Oliveira, explicou que os alunos têm uma preparação intensiva, abordando temas e disciplinas que serão cobrados na prova, com foco na redação e na apresentação de materiais complementares: “Os professores da escola intensificam as matérias possíveis de serem cobrados no Enem, intensificam a questão da redação, a gente tem a Larissa que é a coordenadora aqui na PAC dessa parte do Enem, então ela auxilia a eles direcionando o livro, com materiais para estudo.” afirmou.
Denise também comentou sobre a grande expectativa dos recuperandos: “Todos ficam muito empolgados, querendo saber o resultado, ver o quanto irão progredir, alguns já fizeram no ano passado e têm expectativa de ter o melhor resultado, o melhor desempenho nesse ano, então a expectativa é grande.”
A educação é um dos pilares dos métodos de ressocialização de indivíduos em privação de liberdade. Segundo Denise, há casos de recuperandos que não sabiam ler ou escrever quando chegaram à unidade e que, ao recuperarem a liberdade, conquistaram curso superior. Para a coordenadora, a leitura e a educação são fundamentais para a mudança na vida das pessoas:
“Eu estou lendo um livro do autor Sérgio Mendes, que ele era uma pessoa oriunda do sistema prisional, e no primeiro livro dele, que chama Memórias de um Sobrevivente, a virada de chave dele, ele fala que foi quando ele descobriu os livros e quando ele começou a leitura, então ele passou a se transportar para fora do presídio mesmo estando preso. Então a educação faz isso pelas pessoas, ela leva a lugares que às vezes as pessoas não imaginariam estar através da leitura, através da educação, e faz muita diferença na reinserção no mercado de trabalho, na reinserção social mesmo, uma pessoa com a educação, com acesso a mais informações, com possibilidade de estudo, ela muda a vida dela e das pessoas ao redor.” disse.
Lorena Correia – Tribuna do Leste



