O uso prolongado de celulares e computadores têm contribuído para o aumento de problemas posturais em crianças e adolescentes. Consultórios de fisioterapia têm registrado mais atendimentos relacionados a dores na coluna, especialmente na região dorsal e cervical, associadas ao tempo excessivo diante das telas e à postura inadequada.
O fisioterapeuta Michel Gantus explicou como esses hábitos têm influenciado diretamente a saúde musculoesquelética das crianças e orientou pais e responsáveis sobre prevenção.“Hoje cada vez mais a gente recebe no consultório crianças de 8, 9, 10 anos já com o diagnóstico de dorsalgia. Dorsalgia é uma dor na região dorsal proveniente da má postura, porque parece um dado completamente fora do padrão, nós mexemos a região cervical 600 vezes por hora. Eu não acreditei nisso, eu contei. Em meia hora, nós chegamos a 310 vezes. Então, eu acho que realmente procede essa informação”, disse.
O fisioterapeuta explica que a repetição constante desses movimentos e a falta de fortalecimento muscular contribuem para lesões e alterações posturais. “Muitas vezes, essas lesões por esforço repetitivo vêm por causa disso. São pessoas que não têm a musculatura fortalecida adequadamente, e isso acaba acarretando dor, porque vai acontecendo uma fraqueza dessa região. E, automaticamente, você começa a ter um quadro que a gente chama de cifose postural, que é essa corcunda”, afirmou.
Ele também chama atenção para a posição incorreta da cabeça ao usar o celular. “A grande maioria das pessoas, quando vai ver o celular, abaixam muito o queixo. Isso aumenta três, quatro vezes a força sobre a região cervical. O ideal é manter um nível de 30 graus para ver o celular e aproximadamente entre 25 e 30 centímetros distante da visão”, explicou.
A prevenção, segundo ele, começa com a orientação correta. “O ideal seria a prevenção. Os pais procurarem orientações com profissionais para que a gente possa apontar quais são as prevenções necessárias. O que a gente pode fazer para evitar que a criança fique numa posição errada, e isso vai causar dor. Então, é importante procurar sempre um especialista”, concluiu.
Ana Flávia Domingos – Tribuna do Leste



