2º Encontro de Afromineiridades valoriza cultura afro-mineira em Manhuaçu
O 2º Encontro de Afro-Mineiridades reuniu, na tarde de sábado (6), diversas atividades culturais e palestras voltadas à valorização da cultura afro-mineira em Manhuaçu. A programação contou com debates sobre ancestralidade, tradições afro-mineiras, resistência quilombola e educação antirracista, fortalecendo a identidade cultural e o protagonismo negro na região.
A Coordenadora do Encontro e integrante do Grupo de Mulheres Negras Tereza de Benguela, Negra Jô destacou a relevância da iniciativa. “A importância da afro-mineiridade, que é uma iniciativa do Governo de Minas, é para dar voz e vez aos mestres e defensores dos saberes populares, como o congado e a dança afro. Toda a nossa riqueza cultural de Minas Gerais, que estava um pouco assim, não que esquecida, mas não com o valor que merece. Então, a afro-mineiridade veio para isso.”
Ela lembrou também da participação do grupo em eventos anteriores. “Nós tivemos o 1º Encontro da Afro-Mineiridade, em que fomos muito contempladas, o Grupo de Dança Afro-Peruana Negra indo dançar no Palácio das Artes, no 1º e 2º Encontro Geral. Agora nós conseguimos novamente realizar esse 2º Encontro, e é muito importante para nós, pois o grupo está resgatando o que há de melhor na nossa cultura e valorizando com a participação da população e de outros grupos também aqui de Manhuaçu.”
A palestrante Giuliane Quintino reforçou a importância da consciência cultural e da valorização da herança afro-brasileira. “Nós fazemos esse trabalho de conscientização da população através da educação, desde a educação infantil até o ensino médio e o ensino superior, trazendo essas reflexões sobre a nossa consciência.”
Ela destacou a composição diversa da sociedade brasileira. “Nós temos três povos principais que compõem a nossa sociedade brasileira: o povo indígena, o povo negro e o povo branco. Então, por muito tempo, só se valorizou a cultura do povo branco. A partir do momento que eu reconheço todo esse legado deixado pela população negra na nossa história, na construção do nosso Brasil, então eu tenho consciência negra.”
Giuliane reforçou que essa consciência deve ser coletiva. “Todos nós podemos ter essa consciência — brancos, negros, indígenas — reconhecendo esse legado deixado pela população afro-brasileira.”
Segundo ela, o processo depende de educação contínua. “Conscientizando toda a população de que esse legado é importante e que essa cultura deve ser preservada nas artes, na música, na dança, na literatura. O povo negro deixou pra nós uma herança muito grande e muito forte e que mantém a nossa sociedade brasileira.”
A palestrante concluiu ressaltando o papel da educação. “Isso é muito importante pra nós educadores e não educadores. A gente faz esse trabalho desde a creche, com crianças de 3, 4 aninhos, até o ensino médio e a educação superior. Hoje, todos os cursos já têm em seu currículo a história e cultura afro-brasileira e a valorização dessa cultura, para que a gente possa reconhecer e respeitar.”
Participando do evento como convidada, a dançarina Zélia Fernandes falou sobre a força do movimento. “A Semana da Consciência Negra não é só uma semana, não é só um mês, é o ano todo. Eu venho com a dança, com o canto, trabalhando ao longo dos anos com crianças e adolescentes, e esse momento aqui hoje é de grande importância para o nosso povo negro, porque traz cultura, informação e aprendizado.”
Zélia deixou ainda um recado ao público. “Quero deixar aqui um recado para quem não participou este ano: que nos próximos anos esse evento maravilhoso possa continuar acontecendo e as pessoas adiram ao nosso movimento. Quero muito agradecer por esse momento e dizer que a cultura transforma vidas.”
Ana Flávia Domingos – Tribuna do Leste



