“Um sonho que acabou”: Assim define o gerente do SESI Cat Nagib Mansur, Saulo Delano Durães Garcia, que durante 24 anos coordenou todas as atividades do local, que recebia trabalhadores, desportistas, além de pessoas que gostavam de estar ali na convivência com amigos. Agora, o SESI Manhuaçu, uma unidade clube de lazer e social do Sistema FIEMG está com os dias contados no município.
Instalado no dia 10 de outubro de 1995, o Centro de Atividades do Trabalhador Nagib Mansur foi graças ao esforço de lideranças da comunidade, Associação Comercial e Poder Público, para que o empreendimento fosse um marco para a cidade.
Também foi imprescindível a participação do Conselho das Associações de Moradores de Manhuaçu (COAMMA), através dos líderes Artur Eller, Benoni da Paixão, José Valentim e Vasco Fernando. Equipado com piscina, auditório, salas de aula e quadras esportivas, a unidade sempre prestou relevante serviços à comunidade, sobretudo a industriários e seus dependentes.
À época de sua instalação, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), José Alencar Gomes da Silva contemplou a cidade depois de várias mobilizações, para que a unidade não fosse levada para outra cidade, por falta de uma área que pudesse atender as exigências do projeto.
Durante todos esses anos, vários projetos foram desenvolvidos na unidade, tais como alfabetização a mais de mil pessoas, incentivo ao esporte, sendo que Manhuaçu participou de 17 olimpíadas, além de outras modalidades esportivas. Também conseguiu a marca de 260 associados.
Nos últimos tempos, veio a crise que obrigou o Sistema FIEMG a fazer uma redução drástica de suas unidades, determinando o fechamento de várias em Minas Gerais. Delano Garcia explica que, em janeiro, durante reunião em Belo Horizonte que contou com a presença da prefeita, Associação Comercial, gerente regional e gerente de área do SESI, houve a manifestação do município em requerer o espaço, visto que, existe uma cláusula no contrato, que diz “se o SESI deixasse de repassar recurso para trabalhar os projetos elencados e tivesse a terceirização, o município teria o direito de solicitar a devolução do espaço”.
O que acabou acontecendo. A partir do dia 1º de janeiro, toda a estrutura ficará sob a responsabilidade da prefeitura.
Durante esse tempo, cerca de 430 alunos participaram de várias modalidades esportivas, escola com mais de 20 anos de funcionamento no local, além das disputas internas que atraíam centenas de pessoas ao espaço do SESI Cat Nagib Mansur. Segundo Delano Garcia, cerca de 1200 pessoas utilizam o espaço semanalmente, principalmente no período de calor, em que todos procuram um local com piscina, para o momento de lazer.
Lá tem piscina, churrasqueira e área invejável que literalmente vai acabar. “Foi uma unidade sustentável e, ao longo do tempo a parceria com a ACIAM deu certo. Manhuaçu está perdendo algo tão importante e lamento o que está ocorrendo e da forma com que está acontecendo. Espero que saibam aproveitar bem o espaço”, detalha Delano Garcia.
Nossa reportagem conversou também com quem acompanhou o desenvolvimento e participou de diversas “peladas” no espaço SESI. Para Marcelo Silva Cordeiro, com o passar dos anos, o espaço tornou-se uma referência multiuso cultural. Ele relata que o local é um ambiente propício à família, à cidadania e tantas outras coisas que favorecem o bom relacionamento entre as pessoas.
“Os eventos esportivos com entrada gratuita, voltados às crianças eram importantes. Com certeza, a perda de um espaço esportivo como o SESI será insubstituível. Algo deveria ser feito”, destaca Marcelo Silva. Para o presidente da Associação Comercial de Manhuaçu, Silvério Afonso, com o encerramento das atividades do SESI Cat Nagib Mansur, a cidade vai perder não somente um espaço de lazer e esportes, bem como retroagir nas conquistas alcançadas com o esforço da comunidade e das instituições. Ele avalia que toda a estrutura ali existente, sempre foi utilizada para os diversos projetos coordenados também pela ACIAM.”A gente fica triste em saber que tudo aquilo vai acabar.
Até hoje, não vi nenhum projeto do município para aquela área. É um retrocesso para a cidade perder um espaço de lazer, esporte e de convivência”, lamenta Silvério Afonso.
Para que a memória do SESI Cat Nagib Mansur continue viva, Delano Garcia está entrando em entendimento com a Casa de Cultura, para que possa abrigar todo o acervo da história e conquistas da unidade, ao longo dos 24 anos passados em Manhuaçu.
Eduardo Satil